sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A minha evolução




Troca a caneta pelas teclas
E teclo, teclo muito sem parar
É devagar mas o mais rápido, que posso
Já tirando as letras, que tenho de apagar

P’ra mim sou rápido, mas sei que sou lento
O pensamento tem a mesma lentidão
Paro em reflexão e paro para escrever
Mas só quando morrer, pára a alma e o coração

Um lento andar, que não fica quieto
Sempre irrequieto, por não ter descanso
Um passo para trás e dois passos para a frente
No meu depressa vou devagar e não me canso

Sinto a falta da caneta, do toque dela em minha mão
Eu não me canso porque de cansaço eu vivo
Sei que o não vou reviver, no meu caderno fiel
É só papel da imaginação, pela qual eu me motivo

Será uma introspecção, será por ai um poema
Um dilema meu, por não saber bem o que sou
Mas, de linha a linha, de letra a letra, de verso a verso
Imerso, posso submergir com as asas de quem vou

Não sei se sou simples, ou se sei ter simplicidade
Ou se a simplicidade, é coisa que eu não tenho
Assim com não tenho a caneta, entre os dedos
Com a qual sem medos o pensamento, nunca retenho

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Brilho, só de luz



Eu queria ser uma mente brilhante
Mas só acendo a luz, no escuro
E depois, tudo é um diamante
Apenas eu, não tenho futuro

Eu sonho, dia e noite, eu sonho
Nunca acordo, para os viver
E este sono já é tão velho
Como com quanta idade, se pode morrer

Não se pode dizer que é muito, nem pouco
Apenas se pode dizer que é uma vida
Seja ela a mente de um grande louco
Ou a de uma morte precoce, atingida

A minha, a minha voa por aí
Nunca atinge uma verdade
Entre tanta coisa que vem e vai
O que fica é só saudade

Nesta viagem escrevo para mim
Não tenho a quem mais dar
E mesmo sem nunca atingir o fim
Sei que um dia vai chegar

Nesta viagem, não me falam inglês
Nem dizem que eu o falo bem
Eles dizem que falo bem o francês
Apenas porque eu falo com eles também

E meto apenas as coisas no lugar
Pois sou eu o forasteiro
E por mais que me possa indignar
Nunca estou, em primeiro

Fico quieto no meu canto
A minha vida é apenas um comboio
E sigo em viagem num vagão solto
E apenas com os pés me apoio

Eu dou passos e tantos em vão
Pois este comboio é indomável
Não tem o pedal do travão
O que o torna imparável

Viver é só viver e pronto
Como a locomotiva leva tudo p’ra frente
E todo o homem é tonto
Se pensa que é diferente

Nós somos a locomotiva
Vamos p’ra frente e levamos tudo atrás
E a única coisa positiva
É a entrada nela de pessoas

Em tantas que saem e não voltam
Outras tantas acabam por voltar
E tantas que nunca lá foram
Mas vieram para ficar

Segue comboio, segue a linha
Já que o fim eu não o vejo
Não tens travão, nem rodinha
E só viver é meu desejo

Não sei se ele anda a carvão
Ou se segue, a todo o vapor
Só sei que bate um coração
E viaja muito, pelo amor

Ó sonhador, sonhador, que eu sou
Cada viagem é um paraíso
Nem de todas as paragens, gostou
Mas nunca perdeu o seu sorriso

Tragam-me água da mais pura
Que não me sacia qualquer sede
A minha sede é só de aventura
E de ser poeta, nada me impede

Tenho em mim, loucura entranhada
E de serenidade, tenho um poço cheio
Embarco na praia já navegada
Sou agora um barco que não tem freio

Ao sabor do vento, quase que flutuo
Mas o meu pensamento esvoaça
E vem sempre a razão, porque o continuo
Pois se o barco pára, é a desgraça

No mar alto sem ver a costa
Perdido no epicentro do oceano
Qualquer bem que se sinta
Tem o mesmo sentir de leviano


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

No meio da vida



Por vezes, pensamos ser nós
Aquele que sabe e tem a razão
Não se dignando a desatar certos nós
E ainda a pensar, que tem razão

Continua, continua assim
Não vais mais longe se o fizeres
Outrora até eu era assim
Mas só é teu, aquilo que tu fizeres

É feio, eu estar a falar disto
Que muitos esperam alguém morrer
E ainda mais feio, é os pais, no meio disto
Eu nunca esperei, ver ninguém morrer

A luta, o trabalho, a vida tudo cansa
Mas não fazer nada é não existir
Bendita a alma que nunca se cansa
E faz coisas p´ra poder existir

A realidade, essa nunca existe
Há sempre mais algo que vem
Algo que p´ra muitos não existe
E p’ra outros é um vai e vem

Viver, viver é uma festa
Sem balões e musica só convidados
E a nossa verdadeira festa
É aquela em que não somos, os convidados

É nossa porque a demos
De corpo, alma ou coração
Com coisas boas que outrora demos
A este mesmo ao nosso coração

Ser poeta é sorrir sem saber
E nunca saber o que vai sair
É escrever sem o saber
E pela porta da frente sair

É ver a vida, e olhar o mundo
E perceber o erro humano
Escrevê-lo e dá-lo ao mundo
É só um pensamento de um humano

Lutar comigo é viver
E querer sempre ganhar
Mas realidade do meu viver
É só perder e não ganhar

O poeta ficou no meio
E nunca atingiu o seu fim
E este poema fica a meio
Mas é este o seu fim

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

No fim tudo se equece



Quando não sei o que escrever
Escrevo sobre o que não sei
E tudo o que eu sei é querer
E muita vontade de aprender

Aos que me dão o bom dia
Eu respondo com educação
O outro corpo que só procria
Levando consigo luxúria

Não me desinquieta a alma
Por onde ele passa eu já passei
Apesar de nunca ser o da fama
Sou aquele que o mundo ama

Ó, que não me conheçam
Que ao passar por mim olhem o chão
E se me olharem, de mim se esqueçam
Pois comigo nada aprenderam

Mas eu aprendo as diferenças
Que eles carregam no olhar
O seu andar de burguesias
Onde pensam viver perto do céu
E correm, correm com fantasias
De que tudo a volta é seu

Não sei, mas também não quero saber
Só sei que nunca sei demais
Ou é a mais simples forma de enlouquecer
Com a mediocridade do que posso ver

Talvez um doido, eu seja, talvez
Mas como doido continuo
Sou apenas um homem, alguém me fez
Se foi Deus, mais que ele a minha mãe sabe os porquês

Nasci e fui criado
Agora o criado sou eu
E muitas vezes me senti maltratado
Por de mim não ter cuidado

Que não me vejam, que não me olhem
O verdadeiro valor sou eu que o dou
Que não se lembrem de mim, nem me encontrem

No fim todas as coisas se esquecem

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Tudo ao contrário



Ver tudo ao contrario
Atrofiar com o mundo
E sem querer, querer tudo

Acender uma pequena chama
Com o bafo de um simples sopro
E alimentar-me só de fogo

Sentir um ardor, mas sem dor
Que apazigua nestas linhas
Por onde passam as letras rainhas

E lá no fundo nada sentir
E lá mais no fundo sentir só isto
Não saber se o continuo, ou se desisto

Mas isto está entranhado
Isto acaba mas não finda
E só Deus sabe o que vem ainda

Os meus passos são o caminho
Que seguem na estrada da vida, perdidos
No seu lento andar de si esquecidos

Eu sou mas o quê não sei
E se eu não o sei, quem o poderá saber?
Se de tudo o mais certo e só morrer

Então vou, mas vou sem andar
E sem nunca lá chegar, só vejo a meta
E talvez eu morra sem ser poeta

Isto não é um desejo
É apenas um buraco no asfalto
Onde para não cair, salto

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A forma do meu ser



Voa, voa pensamento
Voa para longe de mim
Eu sou fraco, e não aguento
E tu nunca vês um fim

O poeta também voa
E só pára para escrever
O que o pensamento entoa
E ele não consegue ver

Tanto voa seu pensamento
Que ele não pode controlar
E chega a crer, que há um momento
Que ele mesmo pode voar

De seu pensamento esquecido
Levita esta noção
Que flutua já perdido
O seu pobre coração

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Embriagando a saudade




Bebo sozinho um copo de whisky, embriago-me
Quebro o silêncio com uma doce melodia, liberto-me
Sinto-me ausente de tudo que ficou para trás, recordo
Deito-me com sonhos á minha frente, mas acordo

Porque a vida não é um sonho eterno e sublime
E eu não soube tracejar seus trilhos, perdi-me
Recordação, distância, saudade, lembrança, pesado fardo
Ultrajo-me em fantoches irreais, para não ser eu o enganado

Inconsequente verdade que é minha, e não quero
Dias sem fim, noites sem passar, lamento, espero
Por um momento que não me imponha disfarce
Num lugar que não me esconda, perto de quem me abrace


Que falta de um abraço, tanta que desespero
Apelo a deus fechando os olhos, a pêlo de mim sincero
Livre-me deste mal, planta que em mim cresce
Tenho corpo e mente fraca, meu coração não me obedece

Por vezes não queria ser assim, assim tão real
Talvez fosse insensível a chagas desta dor, deste mal
Ou então ser dono do que não existe, um poder infinito
Para que meus anseios se alcançassem, com um simples grito

Mas vivo escondido, refugiado apesar de ser um ser normal
Não sou insensível, nunca tive poder, sou meramente banal
Vivo longe de tudo, o que na vida é mais bonito
Família, amigos, do meu Portugal, não esqueço a isso me limito




Visão poética



È no flutuar, das minhas memórias
Que as histórias, se deslumbram
Revelando segredos, mortos e vazios
E corpo acima, vou sentindo calafrios

O temporal, que evoco em mim
E me percorre a insatisfação
Todo o meu ser é pleno, de angústia
Tenebrosa é, a minha concepção

Eu ergo vales e montanhas
Levito no céu, e olho a terra
E retiro do fundo, de minhas entranhas
Pedaços feios, da primavera

As flores murchas, reavivam
Eu dou-lhe a vida, que não tenho
A tempestade, é coisa fingida
E o fingimento, é só parte, desta vida

Sacio o mar, com as águas do ribeiro
Que por inteiro, preenchem o rio
Forço a luz na escuridão, das cavernas
E meu castelo é um lar, sempre sombrio

A fluorescência, tem de longe, o meu frescor
Fogosidade e robusto, são forma de meu ser
Engrandecer será sempre, flagelo e ardor
Entre outras tantas coisas, que só o poeta pode ver