quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Abrigo o tempo



Há sempre aquele dia, que não queremos
Como se abrigássemos o tempo, e ele não passa
E aí o próprio tempo, torna-se coisa improvisa
Que visa a minha imagem ou a de outrem
Ainda que eu mesmo, não seja ninguém

E vou passando despercebido das coisas
De todas as coisas, que não me podem perceber
Assim como o tempo, frio e sol, é maneira de viver
Perco-me, no meu caminho de homem
Por uma desventura ou por ir mais além

Quando tão pouco, vivo a própria vida
Como a carga da caneta, que a tinta findou
Como se eu trocasse a carga e a caneta reavivou
Quando tão pouco, não saio daqui, desta viagem
Deixando em tantas paragens, metade do que a alma não tem

Fica sempre um pedaço meu, por onde passo
Em troca de um pedaço, que eu mesmo tirei
E era tanta a beleza, toda essa que eu desejei
E volto disfarçado, no dia na noite, no entretém
Serei mesmo eu, ou é um outro poeta que vem

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