quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ser poeta



Ser poeta é ter mil e uma palavras
E não saber por onde começar
É ter mil e um sonhos
E não saber o que se pode sonhar
É ter quimeras, ilusões e devaneios

É ter força, é ter alma infinda de ansiedade
E ter sempre mais um anseio
È dormir nas estrelas e acordar na lua
È fazer do sol o seu recreio
E brincar com seus raios em qualquer rua

É viver a vida com todos os sentidos
Fazendo de todos um só para a amar
É ter amor pelo simples viver
E viver só por um simples olhar
E num simples olhar ver a alma engrandecer

É ter o infinito da beleza
E não definir o que é mais belo
É ter grandeza e ser o mais pequeno
É ser o fogo que atenua o gelo
É ser o doce e alimentar-se de veneno

É ter o esplendor alcançado
Sem nunca ter ganho a batalha
É ser rei do reino perdido de alendor
É fazer do coração a sua muralha
E ter como única arma todo o seu amor

É carregar coragem no peito
É ter bondade e muita bravura
È carregar no dorso humildade
E transformar seus medos em aventura
Ser poeta é viver e ter realidade

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A todos os meus amigos



Leve leve o meu pensamento
Voa alto como pluma
Suaviza o momento
Como aroma que perfuma

Libertando de meu ser
O melhor que pôde criar
Ensinando-me a crescer
Num só gesto o de amar

Um dia voa minha vida
Para a luz dos jazigos
Na plenitude engrandecida
P'lo amor de bons amigos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Recordação



O silêncio da cidade
As casas estão caladas
As portas todas fechadas
Um roído na noite se esconde
Onde pára o teu sorriso?
Nas janelas abre-se um friso
Uma luz virada para a cidade
A realidade do impossível
Um possível momento de atracção
Uma flecha que rasga o coração
O tempo reparte-se em pedaços
Abraços que ficaram por dar
Espaços de solidão no vazio
Um arrepio ao som de um assobio
Que cruza uma esquina
E passa por casa dessa menina
A brisa que paira no ar
Um beijo que ficou por dar
Agarrar com força a ilusão
Recordação de quem amor perdeu
Antiga recordação de alguém
Que na cidade a escondeu
Uma leve ideia



Por vezes, tenho esta leve ideia
De ser o sol, em plena lua cheia
E me vão adorando, como se fosse a lua
Num dia em que raios de sol brilham nesta rua

Tenho uns tantos sortilégios, e pecados
Que como doença, a alma estão aprisionados
Sortilégios leves, e pecados libertinos
Proibindo-me a vivência, de tantos meninos

Vejo-te futuro, bem aqui a minha frente
És o espelho desta alma, ainda mais carente
Espelho triste, porque mostras o passado
Essa feia imagem, de a quem tudo foi negado

Por momentos curtos, que alongam a vida
Meu ser contempla, esta ideia erguida
A de que a vida, e um transporte de bem-estar
Atormentado por furacões, em pleno alto mar

Que maior tormento, poderia eu ter
Do que saborear o salgado, que a vida faz beber

Quão doce serias mar, se fosses mel
Quão doce serias vida, se teu amigo não fosse um papel
Sorte macabra



Palavras, são levadas pelo vento
Vento que por aqui passa, como alimento
E mais palavras me vai ofertar
Para esta fome de poesia, saciar

Palavra rica, que alimentas a existência
Por não te saber, caí nesta decadência
Ficando apenas, um coração nobre
Para que este poeta, na poesia seja pobre

Não te aprendi, ninguém me ensinou
Cada palavra que sei, meu coração soletrou
Ou então é alquimia, do pensar ser poeta
Que ainda sem palavras, não impõe qualquer meta

Sou o vasto e o pleno de tudo
Com metade do dicionário, como sobretudo
Estou onde nunca poderei chegar
Com um troféu que não posso levantar

Este nada que me consome, nada me deixa
Cada palavra soletrada é apenas uma madeixa
Daquela linda cor, que eu não vou ter
A que o poeta só tem, depois de morrer

Por isso o agora é completo desatino
Amanhã por esta hora, o mesmo destino
Quem sabe vou aprender mais uma palavra
Para sorrir desta minha sorte macabra






Coração sabichão



Pensei definir amor
Que irónico meu pensar
Revelei-me tão sonhador
Que até nos sonhos pode amar

Depois pensei guarda-lo na mão
Mas é grandioso para o prender
Então guardei-o no coração
E comecei a enlouquecer

Meu pequeno coração
Em minha mão pode caber
Mas é o único sabichão
Que o sabe desenvolver

Que irónico meu pensar
Se o amor não cabe na mão
E cabe num cantinho mais pequeno
Que é o nosso coração
Em vida


A minha sepultura, são consoantes
E é adorada, por muitas vogais
E vou sentindo, coisas inquietantes
Que as minhas palavras, tornam imortais

Por isso vou, escrevendo em vida
O que na morte, não posso escrever
Por isso a morte, é coisa sofrida
Porque ninguém nada, poderá fazer

Só estes versos, que não deito fora
Serão coisa, que até a morte guardei
Pois esta alma, que de mim vá embora
Assim como foi, este pensamento que libertei
O sonho não passa de poesia



Meus pés, juntos vão saltando a corda
A corda, que o sol e a lua, vão balançando
Vem então uma estrela, que me acorda
Porque comigo, estava sonhando

E este sonho é tão sincero
Que a alma, me está a ofertar
Este pequeno dom, que tanto venero
E no céu me faz acreditar

Porque a beleza, não é infinita
Apenas se dispersa, pelo universo
É este esplendor, que minha alma grita
Por cada sonho seu, ser um verso

Não há lugar na terra, p’ra este libertino
Que cobre o planeta terra, com sua mão
Que sonha o universo, já desde menino
E também já o fechou, em seu coração

A ânsia está a tudo aliada
Pois nada chega, nada é alegria
Ficando sempre, esta espada encravada
Que o sonho não passa, de poesia

Alma de poeta



Ser poeta vem na alma
Olhar o mundo com inspiração
Fechar os olhos por um momento
E senti-lo no coração

Girar a sua volta com a mente
As cortinas do horizonte abrir
Rebolar sempre sem parar
E nele deixar a alma fluir

Ver na luz um ponto escuro
Na escuridão ver uma luz brilhar
Entoando a vida com louvor
Iluminar o espírito para sonhar

Soltar as rédeas do sentimento
Sentirmo-nos a flutuar
Todos na mesma viagem
E diferentes paragens alcançar

Dar cordas á imaginação
Iludir com palavras a verdade
Trocá-las e com elas brincar
Ser poeta é ter realidade
Sei de tudo


Sei de tudo, como um mestre
Como eu, difícil que alguém encontre
Sei de tudo, muito e pouco
E tudo misturo, como um louco

Escrevo estupidezes, coisas sem nexo
Diluindo alegria amor e sexo
Sem nunca saber onde vou, ou quero chegar
Terra, lua, sol qual o meu lugar

Sei de tudo e nada é tudo, o que sei
Da palavra perdi a letra, ainda não a encontrei
Meu saber minha esperteza, estão incompletos
Fiquei parado, perdi-me em anglos rectos

Sei de tudo, o que não queria saber
Sei que sou nada, e nada vou ser
Minha pequena mestria, ficou aquém
Por falta de uma letra, não sou ninguém
Abrigo o tempo



Há sempre aquele dia, que não queremos
Como se abrigássemos o tempo, e ele não passa
E aí o próprio tempo, torna-se coisa improvisa
Que visa a minha imagem ou a de outrem
Ainda que eu mesmo, não seja ninguém

E vou passando despercebido das coisas
De todas as coisas, que não me podem perceber
Assim como o tempo, frio e sol, é maneira de viver
Perco-me, no meu caminho de homem
Por uma desventura ou por ir mais além

Quando tão pouco, vivo a própria vida
Como a carga da caneta, que a tinta findou
Como se eu trocasse a carga e a caneta reavivou
Quando tão pouco, não saio daqui, desta viagem
Deixando em tantas paragens, metade do que a alma não tem

Fica sempre um pedaço meu, por onde passo
Em troca de um pedaço, que eu mesmo tirei
E era tanta a beleza, toda essa que eu desejei
E volto disfarçado, no dia na noite, no entretém
Serei mesmo eu, ou é um outro poeta que vem